sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Porque somos o que somos

No dia 21 de Setembro de 1989 houve um julgamento num tribunal de Tennessee, Estados Unidos da América. O assunto em julgamento era a disputa da custódia de 7 embriões congelados por parte de um casal de divorciados. O tribunal teve de decidir qual deles tinha o direito à custódia. Havia primeiro, no entanto, uma questão que exigia uma decisão. Os embriões devem ser considerados como propriedade ou como seres humanos?

A decisão

O professor Jerome Lejeune, de Paris, geneticista de fama internacional, testemunhou perante o tribunal que cada humano tem um início singular, que ocorre no momento da concepção, e que “assim que é concebido, um homem é um homem”. Em outras palavras, começando no estágio de três células (zigoto), os embriões são, como ele disse no tribunal, “pequeninos seres humanos.

Quando se lhe perguntou se testemunhava que o zigoto deveria ser tratado com os mesmos direitos de um adulto, o Dr. Lejeune respondeu: “Não vou afirmar-lhe tal coisa porque não estou em condições de saber isso. Afirmo que ele é um ser humano e, portanto, é a Justiça que dirá se este ser humano tem ou não os mesmos direitos que os outros… na qualidade de geneticista, se me perguntam se este ser humano é um humano, eu lhe direi que por ser ele um ser e, sendo humano, ele é um ser humano.”

Baseando-se primariamente no depoimento irrefutável do Dr. Lejeune, três destacadas conclusões dos tribunais são: 1-A partir da fertilização, as células de um embrião humano são diferenciadas, singulares e individualizadas no mais elevado grau de distinção.2-Os embriões humanos não são propriedade. 3-A vida humana começa por ocasião da concepção.” (o grifo é meu).

Todos somos iguais mas diferentes

Neste aspecto, na verdade, todos os seres humanos são iguais, não importa a nacionalidade, a cor, ou a condição social dos seus progenitores. Como diz a Carta Universal dos direitos Humanos: “todos os homens e mulheres nascem iguais”. Mas todos somos diferentes porque as nossas células são únicas e têm registado o chamado código genético, o seu ADN. E o momento em que se dá origem a um novo ser humano é o momento da concepção. Os chineses reconhecem isto por calcularem a idade desde aquele momento. Um bebé é considerado como já tendo um ano ao nascer. Uma vez que o óvulo é fecundado, a concepção já ocorreu, e se preparou um “esquema” para uma criatura humana viva. Nesse momento são fixados o sexo, as características fundamentais, físicas e emocionais, os dons e talentos especiais, bem como as deficiências, junto com uma infinidade de outros pormenores. O ambiente, tanto durante a gravidez como depois do nascimento, exerce uma influência modificadora ou intensificadora, mas o padrão básico da pessoa já está estabelecido. O esquema encontra-se nos 46 cromossomas, com seus muitos milhares de genes que transmitem a matéria hereditária de ambos os pais — 23 cromossomas de cada progenitor.

Factores externos

Mas por ocasião do seu nascimento, o bebé pode ser comparado a uma semente lançada num determinado ambiente. Os lavradores sabem isto. Existem vários tipos de solos, uns mais propícios do que outros para o bom desenvolvimento da semente. Há também que ter em conta o ambiente mais ou menos húmido para que a planta se possa desenvolver. Assim o nosso desenvolvimento, a pessoa que somos, dependeu muito se fomos criados num ambiente religioso ou não. Se crescemos em determinado país ou lugar com sua cultura e suas tradições próprias. Se vivemos numa zona rural ou numa cidade cercados por pessoas com outra mentalidade. Se os nossos pais eram ou são preocupados com a boa educação e em inculcar bons princípios de moral nos seus filhos, dando o exemplo.

Depois há a questão das pessoas com quem nos associamos no nosso dia-a-dia, na escola, na recreação, nos momentos de lazer. Diz-se: “diz-me com quem andas e eu te direi quem és” ou “anda com um ladrão e serás pior do que ele”. Se colocarmos uma barra de ouro e uma de prata juntas por algum tempo observará-se-á que partículas de ouro passaram para a barra de prata e vice-versa. De forma que se tivermos por hábito nos associar com um delinquente teremos boas probabilidades de nos tornarmos delinquentes. A pressão dos colegas tem levado alguns jovens à embriaguez ou ao vício das drogas. Se nos associarmos com aqueles que usam de linguagem suja, verificaremos, no fim, que também usamos tal linguagem. Associar-nos com pessoas desonestas tende a fazer-nos desonestos. Por outro lado, se nos associamos com pessoas com bons princípios de ética, seremos bem melhores cidadãos.

Boas decisões são importantes

Há um provérbio que diz: “Onde não reses, a manjedoura está limpa, mas a colheita é abundante por causa do poder do touro.”

Uma manjedoura vazia pode indicar que não há gado para ser alimentado e, por isso se está livre do trabalho de limpá-la e de cuidar dos animais e, consequentemente, há menos despesas. O lavrador decidiu fazer o trabalho à mão. Mas essa aparente vantagem precisa ser contrabalançada com o facto de que também a colheita será menor. O lavrador tem de fazer uma escolha sábia. Ou faz um investimento para ter maior colheita ou sujeita-se a colher menos, mas de certo com maior esforço. Este princípio se aplicaria também quando pensamos em mudar de emprego, em comprar certo tipo de casa ou carro, quando escolhemos uma pessoa para casar e coisas assim? A pessoa sábia consideraria as vantagens e as desvantagens e calcularia se o esforço e a despesa valem ou não a pena.

Muitas das decisões que tomamos resultam em bem, mas outras podem ser como as balas que saem de uma pistola que depois de saírem não podem voltar atrás. Algumas decisões que tomamos ainda podem ser remediadas ou corrigidas, mas outras são irreversíveis, impossíveis de reparar.

Eu considero que aquilo que sou hoje é o resultado de todos estes factores: a herança genética, a educação e o exemplo de meus pais, o lugar onde cresci e vivi, as minhas companhias e as minhas decisões pessoais. Muitas vezes tive êxito. Outras nem por isso. Mas no cômputo geral, considero que tenho sido bem sucedido e preparado para esta vida moderna atribulada em constante mudança. Considero muito importante a família e a escola como os centros da boa formação do ser humano.


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