Como muitos procuram dar sentido á vida?
Muitos procuram encontrar
este sentido na carreira profissional, na constituição da família, na religião,
na política ou no desporto.
Neste início do século
vinte e um, muitos acham que a ciência têm, ou terá no futuro, as respostas
para as perguntas sobre a origem do Universo e da vida, mas a verdade é que
esta questão é ainda muito difícil de resolver. Requer muita investigação em
todos os campos, desde a imensidão do espaço até a infinita pequenez da
matéria. Há duas perguntas que a ciência ainda não consegue responder: “Porque
surgiu a vida na Terra?” e “Tem a nossa vida um objectivo?”. A ciência apenas
pesquisa o ‘como’ das coisas. Quanto ao ‘porque’ a filosofia, a religião e –
acima de tudo – cada um de nós tem de procurar a resposta.
Viktor Frankl diz no seu
livro que existem basicamente dois tipos de pessoas: as que dizem “sim” à vida
não obstante terem muitas dificuldades e problemas, e as que dizem “não” à vida
apesar das coisas boas que possuem. Há uma coisa que as caracteriza: o terem ou
não sentido, direcção e objectivo para as suas vidas. Por isso podemos ver na
sociedade pessoas com enormes deficiências, como o caso apresentado no filme” O
Escafandro e a Borboleta”, como um inválido encontrou um motivo para lutar e
não desistir. Apesar da invalidez física ele continuou vivo mentalmente. O
facto de conseguir piscar um olho serviu de ligação com mundo e consigo mesmo.
Darmos valor ao que temos por pouco que seja poderá ajudar-nos igualmente.
A nossa vida é curta
Não há dúvida que a
ciência tem enormes progressos feitos no sentido de tratar e curar muitas
doenças, que antigamente simplesmente eram mortais. Hoje, de modo geral, os
humanos vivem mais anos e com melhor qualidade de vida. Mas impressiona-me
muito uma verdade apresentada num Salmo da Bíblia, escrito há cerca de 2500
anos atrás que diz mais ou menos isto: “A
duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam
a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e
nós voamos”. É verdade que hoje temos melhor qualidade de vida, mas a
duração máxima da vida da maioria dos homens e mulheres não tem mudado muito.
De maneira que vejo-me forçado também a reconhecer um outro texto bíblico que
diz : “Melhor é ir à casa do luto
do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens;
e os vivos que o tomem em consideração” Ec 7:2.
Penso que ir á casa de
luto será melhor porque é nestas ocasiões que paramos para reflectir na nossa
vida e no rumo que lhe estamos a dar. É no nosso contacto com os que sofrem que
damos mais valor ao que temos. Actualmente não sou membro de nenhuma religião,
assim com a Bíblia não é propriedade de nenhuma religião, mas tenho que reconhecer
a veracidade destes textos na sua aplicação á realidade do ser humano. A nossa
vida é curta e a morte é inevitável. Podemos, no entanto, levar nossa vida com
verdadeiro sentido e responsabilidade.
Coisas de real valor
Para os biólogos
evolucionistas, os seres vivos neste nosso planeta apenas têm um objectivo:
sobreviver e reproduzir-se. Mas eu acho que o projecto humano deve ser dar
sentido á vida pelas escolhas livres, conscientes e intencionais que fazemos.
Neste sentido, como muitos sábios tem constatado, levar uma vida simples e
descomplicada ainda é o melhor. O actual modelo mundial quer fazer-nos crer que
precisamos de um número infindável de bens materiais para sermos felizes, de
modo que muitos gastam um tempo enorme para obter e cuidar desses bens, para
descobrir no fim que ainda continuam insatisfeitos.
Com uma vida simples
poderíamos ter mais tempo para a família, para os amigos e para nós mesmos.
Este tempo é vital para a nossa felicidade. Muitos descobrem apenas no final
das suas vidas que a família e os amigos são muito mais importantes do que
casas, automóveis, contas bancárias, acções, computadores, televisores e outros
aparelhos. Embora estas coisas possam ser úteis, elas são apenas a casca da
vida e não o seu cerne.
Achei muito interessante
ler sobre a vida de Viktor Emil Frankl. Como ele apesar do terrível sofrimento
da sua vida nos campos de concentração nazista, conseguiu encontrar o
equilíbrio e a compreensão. Sofreu os horrores que também outros sofreram nos
campos de concentração, mas ele ingressou nestas prisões firmemente determinado
a conservar a sua integridade e a não permitir que seu espírito fosse abalado
pelos carrascos de seu corpo. Fundou a Terceira Escola da Psicoterapia
Vienense, a Logoterapia, que trabalha essencialmente com a questão do sentido
da vida. Ele diz: ser psiquiatra só vale a
pena enquanto o podemos ser, não "para"o organismo psicofísico, mas
em função da pessoa espiritual, a qual, por assim dizer, espera ser libertada
por nós do "handicap"psicofísico.
As pessoas que se sentem
vazias e frustradas com a vida podem mudar sua atitude e tomar consciência de
que a vida tem sentido em quaisquer circunstâncias, e que todos são dotados de
capacidade de encontrar esse sentido em suas vidas.
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