sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A busca do sentido da vida

De todas os seres existentes na terra, parece que apenas o homem reflecte sobre o objectivo da vida. Embora todos os seres vivos tenha a tendência de se apegar á vida, o homem é o único que tem noção do tempo – passado, presente e futuro. O homem consegue reflectir no passado e fazer projectos para o futuro. E fica frustrado quando não consegue realizar seus sonhos por ter uma existência tão curta. Por isso o médico e psiquiatra austríaco, Viktor Emil Frankl que sobreviveu ao holocausto nazista escreveu no seu livro Em Busca de Sentido “ O empenho para dar à vida algum significado é a principal força motivadora do homem….Não há nada no mundo, arrisco-me a dizer, que surtiria tanto efeito em ajudar alguém a superar mesmo as piores situações quanto saber que a vida tem um sentido”.

Como muitos procuram dar sentido á vida?

Muitos procuram encontrar este sentido na carreira profissional, na constituição da família, na religião, na política ou no desporto.

Neste início do século vinte e um, muitos acham que a ciência têm, ou terá no futuro, as respostas para as perguntas sobre a origem do Universo e da vida, mas a verdade é que esta questão é ainda muito difícil de resolver. Requer muita investigação em todos os campos, desde a imensidão do espaço até a infinita pequenez da matéria. Há duas perguntas que a ciência ainda não consegue responder: “Porque surgiu a vida na Terra?” e “Tem a nossa vida um objectivo?”. A ciência apenas pesquisa o ‘como’ das coisas. Quanto ao ‘porque’ a filosofia, a religião e – acima de tudo – cada um de nós tem de procurar a resposta.

Viktor Frankl diz no seu livro que existem basicamente dois tipos de pessoas: as que dizem “sim” à vida não obstante terem muitas dificuldades e problemas, e as que dizem “não” à vida apesar das coisas boas que possuem. Há uma coisa que as caracteriza: o terem ou não sentido, direcção e objectivo para as suas vidas. Por isso podemos ver na sociedade pessoas com enormes deficiências, como o caso apresentado no filme” O Escafandro e a Borboleta”, como um inválido encontrou um motivo para lutar e não desistir. Apesar da invalidez física ele continuou vivo mentalmente. O facto de conseguir piscar um olho serviu de ligação com mundo e consigo mesmo. Darmos valor ao que temos por pouco que seja poderá ajudar-nos igualmente.

A nossa vida é curta

Não há dúvida que a ciência tem enormes progressos feitos no sentido de tratar e curar muitas doenças, que antigamente simplesmente eram mortais. Hoje, de modo geral, os humanos vivem mais anos e com melhor qualidade de vida. Mas impressiona-me muito uma verdade apresentada num Salmo da Bíblia, escrito há cerca de 2500 anos atrás que diz mais ou menos isto: “A duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos”. É verdade que hoje temos melhor qualidade de vida, mas a duração máxima da vida da maioria dos homens e mulheres não tem mudado muito. De maneira que vejo-me forçado também a reconhecer um outro texto bíblico que diz : “Melhor é ir à casa do luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração” Ec 7:2.

Penso que ir á casa de luto será melhor porque é nestas ocasiões que paramos para reflectir na nossa vida e no rumo que lhe estamos a dar. É no nosso contacto com os que sofrem que damos mais valor ao que temos. Actualmente não sou membro de nenhuma religião, assim com a Bíblia não é propriedade de nenhuma religião, mas tenho que reconhecer a veracidade destes textos na sua aplicação á realidade do ser humano. A nossa vida é curta e a morte é inevitável. Podemos, no entanto, levar nossa vida com verdadeiro sentido e responsabilidade.

Coisas de real valor

Para os biólogos evolucionistas, os seres vivos neste nosso planeta apenas têm um objectivo: sobreviver e reproduzir-se. Mas eu acho que o projecto humano deve ser dar sentido á vida pelas escolhas livres, conscientes e intencionais que fazemos. Neste sentido, como muitos sábios tem constatado, levar uma vida simples e descomplicada ainda é o melhor. O actual modelo mundial quer fazer-nos crer que precisamos de um número infindável de bens materiais para sermos felizes, de modo que muitos gastam um tempo enorme para obter e cuidar desses bens, para descobrir no fim que ainda continuam insatisfeitos.

Com uma vida simples poderíamos ter mais tempo para a família, para os amigos e para nós mesmos. Este tempo é vital para a nossa felicidade. Muitos descobrem apenas no final das suas vidas que a família e os amigos são muito mais importantes do que casas, automóveis, contas bancárias, acções, computadores, televisores e outros aparelhos. Embora estas coisas possam ser úteis, elas são apenas a casca da vida e não o seu cerne.

Achei muito interessante ler sobre a vida de Viktor Emil Frankl. Como ele apesar do terrível sofrimento da sua vida nos campos de concentração nazista, conseguiu encontrar o equilíbrio e a compreensão. Sofreu os horrores que também outros sofreram nos campos de concentração, mas ele ingressou nestas prisões firmemente determinado a conservar a sua integridade e a não permitir que seu espírito fosse abalado pelos carrascos de seu corpo. Fundou a Terceira Escola da Psicoterapia Vienense, a Logoterapia, que trabalha essencialmente com a questão do sentido da vida. Ele diz: ser psiquiatra só vale a pena enquanto o podemos ser, não "para"o organismo psicofísico, mas em função da pessoa espiritual, a qual, por assim dizer, espera ser libertada por nós do "handicap"psicofísico.

As pessoas que se sentem vazias e frustradas com a vida podem mudar sua atitude e tomar consciência de que a vida tem sentido em quaisquer circunstâncias, e que todos são dotados de capacidade de encontrar esse sentido em suas vidas.

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