A televisão como meio de comunicação, é sem dúvida um dos
mais atractivos e mais eficazes para atingir as pessoas. A televisão pode ser
uma poderosa ferramenta de ensino. Também pode ser uma fonte de engano. Quais
são os cuidados que devemos ter? O que mostram as evidências?
A televisão – “um hábil instrutor”
A televisão é uma poderosa ferramenta de ensino. Com ela
aprendemos sobre terras e povos que talvez nunca iremos visitar. Com ela
podemos “viajar” para selvas tropicais e para regiões gélidas nos pólos, para
picos montanhosos e para as profundezas dos oceanos. Examinamos tanto os mundos
intrigantes dos átomos como das estrelas. Vemos as notícias ao vivo do que está
a acontecer do outro lado do globo. Recebemos informações sobre política, história,
eventos actuais e cultura. A televisão nos diverte, instrui e influencia.
Mas são cada vez menos os que consideram a televisão como
meio de obter notícias exactas. Isto é verdade com as pessoas de raciocínio
inteligente. Em muitas partes os noticiários estão a perder a credibilidade.
Isto acontece porque a televisão tem sacrificado a exactidão, a veracidade e a
imparcialidade dos temas, na busca de uma boa história. Por exemplo, grandes
partes das notícias são apresentadas com recurso a gravações de arquivo com o
objectivo de tornar a história mais sensacional. Nós deveríamos ser informados
disso, mas raramente acontece.
Outro erro comum tem que ver com as estatísticas.
Especialmente quando envolve desastres ou guerras, e numa altura em que é
impossível saber-se o número exacto de mortos ou feridos, os jornalistas muitas
vezes dão estimativas exagerados que raramente são corrigidas depois. Os
jornalistas querem promover as suas histórias; os editores os seus jornais e os
assistentes sociais, as suas agências.
Outro perigo, tem que ver com os filmes. Para manterem
audiências, os produtores incluem nos seus programas demasiados filmes com
exibição explícita de violência e sexo. Somos influenciados? Bem. Uma simples
fotografia pode fazer com que sintamos raiva, tristeza ou alegria. A música
afecta profundamente as nossas emoções. As palavras, mesmo na página impressa,
influenciam os nossos pensamentos, sentimentos e acções. Agora imaginemos uma
combinação destas três coisas.
A Publicidade na Televisão
Qual é o objectivo da propaganda comercial? As empresas
dizem que a sua propaganda presta um serviço público, pois estão a informar.
Mas todos sabemos que essa propaganda faz mais do que simplesmente informar. O
propósito é vender. A publicidade não vende apenas produtos. Ela vende marcas.
Por exemplo um fabricante de sabão não gasta milhões em propaganda só para
incentivar as pessoas a comprar sabão. Ele quer que as pessoas comprem o seu
sabão. Por isso a sua propaganda tem que convencer as pessoas que a marca do
seu sabão é a melhor do que as outras.
Os anúncios são cuidadosamente projectados para atingir um
certo público, sejam crianças, donas de casa, empresários, ou outro grupo. A
mensagem é projectada de maneira a ir ao encontro dos maiores anseios desse
público. Por isso antes de elaborar um anúncio, faz-se muita pesquisa para
descobrir que grupo de pessoas com maior probabilidade comprará o produto a ser
anunciado. Os publicitários precisam saber exactamente quem são essas pessoas,
como pensam e como se comportam, o que desejam e o que sonham.
Mensagens visuais na TV contêm sugestões poderosas além do
que é realmente dito a respeito do produto. O modo de apresentar o produto pode
transmitir uma ideia como esta: ‘Se comprares este relógio, as pessoas vão
respeitar-te.’ Ou: ‘Com esta marca de jeans,
tornar-te-ás mais atraente para o sexo oposto’. Ou ainda: ‘Este carro vai
deixar teus vizinhos babados de inveja.’ São usados também actores e pessoas
atraentes para fazer a publicidade. Esta técnica baseia-se na ideia de que
todos desejamos imitar as pessoas que admiramos.
Além de engenhosas palavras e imagens, a música é
importante para a publicidade de rádio e de TV. Ela envolve as emoções, realça
o tom do anúncio, ajuda a não ser esquecido e aumenta a simpatia do consumidor
pelo produto.
O comercialismo promove o consumismo, e a propaganda é a
sua serva. Apesar de haver propaganda apropriada, muita dela não o é. Muitas
vezes a propaganda não só ajuda a vender coisas inadequadas a pessoas sem boas
condições de comprá-las, mas muitas vezes faz isso a preços exorbitantes. Além
disso o consumismo resulta em poluição. Diz Alan Durning, da World Watch: “As consequências ambientais dos nossos actos quotidianos
de consumo são praticamente invisíveis para nós"(…)
Cada americano produz cerca de três a
quatro quilos de lixo por dia, estima Durning, com um total de recursos de consumo por pessoa de cerca
de 120 quilos por dia”.
A publicidade visa deixar-nos descontentes com o que temos
e desejosos do que não necessitamos. Cria uma fome insaciável, leva ao
debilitante consumismo e gera os prolíferos depósitos de lixo que poluem a
Terra. A sua insidiosa persuasão invade pouco a pouco até mesmo os corações cansados
dos que vivem em desesperada pobreza. São cada vez mais as pessoas que estão
endividadas até às orelhas porque se deixaram levar pela publicidade enganosa.
Muitas nem mesmo tem uma casa de banho decente em casa, mas precisam de duas ou
três televisões. Não se alimentam convenientemente, mas têm o último modelo de
automóvel. Não têm dinheiro para pagar as suas dívidas, mas não são capazes de
prescindir da TV por cabo ou do tabaco.
Como cita Carlos Reis no seu livro, O valor (des)educativo da publicidade, na página 27: Na
Atenas antiga, os pregoeiros, ás vezes acompanhados por músicos, gritavam
avisos públicos, de venda de escravos e até entoavam “cânticos
comerciais”rimados de apreciável eloquência, como o que se reproduz a seguir
(Dunn,1991, pp,16-17):
“Para os olhos brilhantes,
Melenas qual alvor
Para ser bela ainda, já
sem juventude,
Para preços baixos, a que
conhece
Compra os seus cosméticos
em Aesclyptoe”.
A publicidade actual não é muito diferente. Os pregoeiros
actuais conseguem iludir e escravizar as pessoas, se não tiverem cuidado. Muito
mais haveria para dizer, mas creio que o apresentado aqui é suficiente para
mostrar que apesar dos muitos benefícios a televisão é também uma fonte de
problemas para os nossos costumes.
Conclusão
Sim a televisão citando o livro de José Letria : “trouxe magia, trouxe o mundo para dentro de nossas casas,
mas ao mesmo tempo, tirou-nos parte do convívio familiar e levou-nos muitas
vezes a acreditar em coisas que não correspondem á verdade. É
totalmente verdade! Cabe-nos a nós ter a inteligência e o discernimento para
saber avaliar, aproveitando o que é bom e rejeitando o que é bazófia e
propaganda comercial. Rejeitemos ser (en)formados por interesses de pessoas
gananciosas e pouco preocupadas com a saúde mental dos seus semelhantes.
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