A forma como se movimentam os planetas no nosso sistema
solar tem sido fonte de debates ao longo da história. Foi alvo de muitos
debates, muitas observações, pesquisas e teorias religiosas e científicas.
Aristóteles, filósofo grego por volta de 350 A.E.C., desenvolveu
uma teoria de que a terra era o centro do universo. Mais tarde, Cláudio Ptolomeu,
matemático e astrónomo, que viveu entre o primeiro e o segundo século (78-161
E.C.), reforçou esse pensamento e elaborou a teoria geocêntrica, defendendo a
teoria de Aristóteles. Esta forma de pensar permaneceu no pensamento humano até
ao século XIV E.C.
Segundo essa teoria, a Terra está no centro do Sistema Solar, e os demais
astros orbitam ao redor dela ao longo de um círculo (epiciclo). Conforme o
geocentrismo, cada astro se movimenta com velocidade distinta, cuja ordem de
proximidade da Terra é a seguinte: Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e
Saturno.
Heliocentrismo
A teoria heliocêntrica afirmava que a Terra e os demais planetas se moviam
ao redor de um ponto vizinho ao Sol, sendo este o verdadeiro centro do Sistema
Solar. A alternância entre dias e noites é uma consequência do movimento que a
Terra realiza sobre seu próprio eixo, denominado movimento de rotação. Com o
tempo esta teoria foi aperfeiçoada para o que conhecemos hoje.
Galileu e a Igreja Católica
A teoria do geocentrismo foi desde
cedo adoptada pela Igreja Católica porque apresentava aspectos que se ajustavam
a certas narrativas bíblicas. Algumas dessas narrativas são:
1 Crónicas 16:30: ”Trema diante dele
toda a terra; o mundo se acha firmado, de modo que se não pode abalar”.
Salmo 104:5:
“Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em
tempo algum”.
Eclesiastes 1:5: “O sol nasce, e o
sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce”.
De maneira que quando Copérnico
sistematizou a teoria do geocentrismo, só autorizou a divulgação de seus dados
matemáticos que comprovavam a teoria após sua morte, pois temia ser condenado
por heresia pela Igreja Católica. Quando Galileu Galilei reforçou a teoria
heliocêntrica, ele a divulgou e como consequência do seu atrevimento foi
julgado pelo tribunal da Inquisição, tendo como opções, negar a sua teoria ou
ser queimado na fogueira. Não tinha muitas alternativas!
Galileu procurou ser cauteloso, mas não abandonou a
teoria de Copérnico. Dezasete anos depois, em 1963, com setenta anos de idade,
foi finalmente levado a tribunal do Santo Ofício. Não querendo ser mártir,
Galileu foi obrigado retratar-se. Após a leitura da sentença, o velho
cientista, ajoelhado e com roupa de penitente, disse solenemente: “Abjuro,
amaldiçôo e detesto os supraditos erros e heresias [teoria de Copérnico], e
geralmente qualquer outro erro, heresia e seita contrária à Santa Igreja.”
A humilhação de renunciar às suas descobertas
angustiou o cientista pelo resto dos seus dias. Ele foi sentenciado à cadeia,
mas a pena foi comutada para prisão domiciliar até a sua morte. Morreu cego.
Em 1992 o papa João Paulo II nomeou uma comissão
para “reabilitar” Galileu, reconhecendo finalmente o quão errados estavam, e
reconhecendo que a igreja não compreendeu o sentido das Escrituras quando elas
descrevem a estrutura física do Universo criado. Muitas das descrições bíblicas
não são para entender de modo literal. Muitas coisas são descritas segundo o
ponto de vista humano. Por exemplo, ainda hoje se fala no “por do Sol” ou no
“nascer do sol”, não obstante sabermos o que sabemos sobre o sistema solar. O
ensino de que a terra era o centro do universo não era um ensinamento da
bíblia. Esse ensino era do filósofo grego Aristóteles.
Foi Galileu reabilitado? Decerto que não é o caso. A
História não condena Galileu, mas sim o tribunal eclesiástico da Igreja
Católica..
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