sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A influência da Lua em fenómenos sociais


Desde a antiguidade a Lua fascina a humanidade. Ainda hoje se pode notar esta influência no nome atribuído à nossa Segunda-feira em muitas línguas. Por exemplo em espanhol é Lunes, em francês Lundi, alemão Montag, inglês Monday e italiano Lunedi todos traduzidos como o dia da Lua. São ainda resquícios da adoração que no passado se dava à Lua.

Ela tem inspirado poetas e músicos. É também sinónimo de romantismo. Os nubentes vão em ”lua-de-mel”. Também usamos a palavra “lunático” para nos referirmos a um doente mental, embora saibamos há muito que a Lua não influencia nestes casos. Usamos a expressão” andar na lua” para nos referirmos a alguém distraído.

Um importante factor da influência da Lua sobre a Terra é a sua força gravitacional, que dá origem ao fluxo das marés. Estas marés são fundamentais para as correntes marítimas, que por sua vez são vitais para os nossos padrões climáticos. A Lua serve como luz nocturna.

Outra função é estabilizar. O facto da terra no seu movimento de rotação o fazer com uma inclinação de 23º em relação ao seu eixo, importante para que haja agradáveis estações do ano, deve-se á presença da Lua com a sua força gravitacional.

A crença de que a Lua rege vários aspectos da vida na Terra é milenar. Acredita-se que as fases da Lua afectam as plantas, os animais e até mesmo as pessoas. Embora alguns conceitos antigos não tenham resistido ao escrutínio das modernas pesquisas científicas, outros perduram até hoje. Algumas pessoas estão convencidas de que há uma relação entre as fases da Lua e o crescimento das plantas. Por isso consultam calendários e almanaques para saber quando devem plantar flores, espalhar fertilizantes, engarrafar vinho ou fazer compotas e geleias. Acham que realizar determinadas actividades na fase errada da Lua compromete a qualidade do produto.

Outros dizem que se a Lua influi nas marés deve também influir nos seres humanos, pois a maior parte do corpo humano é constituída de água. E que dizer da suposta relação entre as fases da Lua e os distúrbios mentais, a data do nascimento e até o ciclo menstrual, cuja duração é praticamente a mesma que a do mês lunar? Os estudos sobre o assunto no campo da psiquiatria, da psicologia e da ginecologia não são conclusivos. Há pesquisadores que alegam ter encontrado correlações entre actividades humanas e os ritmos lunares, mas outros negam qualquer ligação desse tipo. Estes últimos argumentam que se os ciclos lunares tivessem mesmo uma influência tão grande nos nascimentos, esta relação já teria sido comprovada há muito tempo. Além disso, nenhuma das teorias propostas para explicar a suposta influência da Lua nos seres humanos convenceu a comunidade científica como um todo.

Do geocentrismo ao heliocentrismo


A forma como se movimentam os planetas no nosso sistema solar tem sido fonte de debates ao longo da história. Foi alvo de muitos debates, muitas observações, pesquisas e teorias religiosas e científicas.

Aristóteles, filósofo grego por volta de 350 A.E.C., desenvolveu uma teoria de que a terra era o centro do universo. Mais tarde, Cláudio Ptolomeu, matemático e astrónomo, que viveu entre o primeiro e o segundo século (78-161 E.C.), reforçou esse pensamento e elaborou a teoria geocêntrica, defendendo a teoria de Aristóteles. Esta forma de pensar permaneceu no pensamento humano até ao século XIV E.C.

Geocentrismo
Segundo essa teoria, a Terra está no centro do Sistema Solar, e os demais astros orbitam ao redor dela ao longo de um círculo (epiciclo). Conforme o geocentrismo, cada astro se movimenta com velocidade distinta, cuja ordem de proximidade da Terra é a seguinte: Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.

Heliocentrismo
A teoria heliocêntrica afirmava que a Terra e os demais planetas se moviam ao redor de um ponto vizinho ao Sol, sendo este o verdadeiro centro do Sistema Solar. A alternância entre dias e noites é uma consequência do movimento que a Terra realiza sobre seu próprio eixo, denominado movimento de rotação. Com o tempo esta teoria foi aperfeiçoada para o que conhecemos hoje.

           A teoria heliocêntrica já estava a ser desenvolvida (embora não fosse conhecida com este nome) durante o século III A.E.C., através de observações do astrónomo grego Aristarco de Samos. No entanto, somente no século XVI E.C. Nicolau Copérnico sistematizou uma teoria que contrapunha o modelo geocêntrico, sendo denominado heliocentrismo. Sua teoria heliocêntrica afirmava que a Terra e os demais planetas se moviam ao redor de um ponto vizinho ao Sol, sendo este, o verdadeiro centro do Sistema Solar. Mais tarde, Galileu Galilei, durante o século XVII, reforçou a teoria heliocêntrica através de observações que fez num telescópio construído por si mesmo. Galileu foi matemático, astrônomo e físico. Concluiu que suas observações astronômicas sustentavam a teoria de que a Terra gira em torno do Sol e que, portanto, não é o centro do Universo. Porém, a teoria heliocentrista foi, depois disso, aperfeiçoado por cientistas e astrónomos como Michael Maestlin, Johannes Kepler e Isaac Newton.

Galileu e a Igreja Católica
A teoria do geocentrismo foi desde cedo adoptada pela Igreja Católica porque apresentava aspectos que se ajustavam a certas narrativas bíblicas. Algumas dessas narrativas são:

1 Crónicas 16:30: ”Trema diante dele toda a terra; o mundo se acha firmado, de modo que se não     pode abalar”.

Salmo 104:5: Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum”.

Eclesiastes 1:5: O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce”.

De maneira que quando Copérnico sistematizou a teoria do geocentrismo, só autorizou a divulgação de seus dados matemáticos que comprovavam a teoria após sua morte, pois temia ser condenado por heresia pela Igreja Católica. Quando Galileu Galilei reforçou a teoria heliocêntrica, ele a divulgou e como consequência do seu atrevimento foi julgado pelo tribunal da Inquisição, tendo como opções, negar a sua teoria ou ser queimado na fogueira. Não tinha muitas alternativas!

Galileu procurou ser cauteloso, mas não abandonou a teoria de Copérnico. Dezasete anos depois, em 1963, com setenta anos de idade, foi finalmente levado a tribunal do Santo Ofício. Não querendo ser mártir, Galileu foi obrigado retratar-se. Após a leitura da sentença, o velho cientista, ajoelhado e com roupa de penitente, disse solenemente: “Abjuro, amaldiçôo e detesto os supraditos erros e heresias [teoria de Copérnico], e geralmente qualquer outro erro, heresia e seita contrária à Santa Igreja.”

A humilhação de renunciar às suas descobertas angustiou o cientista pelo resto dos seus dias. Ele foi sentenciado à cadeia, mas a pena foi comutada para prisão domiciliar até a sua morte. Morreu cego.

Em 1992 o papa João Paulo II nomeou uma comissão para “reabilitar” Galileu, reconhecendo finalmente o quão errados estavam, e reconhecendo que a igreja não compreendeu o sentido das Escrituras quando elas descrevem a estrutura física do Universo criado. Muitas das descrições bíblicas não são para entender de modo literal. Muitas coisas são descritas segundo o ponto de vista humano. Por exemplo, ainda hoje se fala no “por do Sol” ou no “nascer do sol”, não obstante sabermos o que sabemos sobre o sistema solar. O ensino de que a terra era o centro do universo não era um ensinamento da bíblia. Esse ensino era do filósofo grego Aristóteles.

Foi Galileu reabilitado? Decerto que não é o caso. A História não condena Galileu, mas sim o tribunal eclesiástico da Igreja Católica..

Capitalismo: será realmente uma evolução?


Capitalismo
O capitalismo é um sistema económico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos. As decisões sobre oferta, procura, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.
Não há consenso sobre a definição exacta do capitalismo, nem como o termo deve ser utilizado como categoria analítica. Há, no entanto, pouca controvérsia de que a propriedade privada dos meios de produção, criação de produtos ou serviços com fins lucrativos num mercado, e preços e salários, são elementos característicos do capitalismo. Há uma variedade de casos históricos em que o termo capitalismo é aplicado, variando no tempo, geografia, política e cultura.



Comparação entre as ideias do progresso científico com o progresso social.

A teoria evolucionista desenvolvida por Charles Darwin, no século XIX preconiza:

            1ª Toda a evolução é um processo linear que sempre resulta em consequências positivas levando á plenitude social. Levaria o homem á capacidade de controlar o seu futuro.

Em vista do fracasso dos avanços tecnológicos em solucionar as tensões sociais, surge uma segunda interpretação:

            2ª O sucesso das mudanças não se relaciona com a capacidade de trazer progresso social, mas depende de factores como as relações de poder e de exploração.

 A revolução Industrial com sua capacidade de fabricar mais e com menos mão-de-obra, serve de partida para a discussão de que, se em face do avanço científico, do progresso tecnológico e do fluxo das mudanças o sistema capitalista tem sido positivo para a sociedade actual? Como se desenvolverá o contínuo progresso no futuro?

Benefícios
Efeitos na sociedade.
Sociedade de consumo.
Donas de casa com menos enfado.
Menos esforço nas empresas.
Tecnologias de informação e comunicação.
Meios de transporte rápidos e cómodos.
Nem tudo é positivo
Desemprego A introdução da automação computadorizada nas empresas tem resultado em milhares de desempregados. É verdade que as novas tecnologias tem gerado empregos de alta tecnologia tais como, operadores, projectistas e programadores de computadores A maioria dos empregos na indústria de alta tecnologia é repetitiva, altamente supervisionada, e exigem pouca perícia técnica. Também muitos destes empregos pagam salários abaixo da média.
O desenvolvimento económico dos países tem sido feito à custa da poluição do ar, contaminação das águas, destruição das florestas, acumulação de lixos. Risco para a saúde humana.
Abismo social entre países pobres e ricos.
Abismo social entre patrões e empregados. Grandes grupos económicos. Bancos. Especuladores financeiros. Empresas de rating.
A tecnologia desenvolveu-se em direcção da obtenção do lucro e não da melhoria da qualidade de vida.


A minha formação ao longo da vida


Considero que a minha formação ao longo da vida contribuiu muito para aquilo que sou hoje. Naturalmente, penso também que o que determina o verdadeiro sucesso de alguém não deve ser a sua carreira, o valor da sua casa, carro ou relógio. Deve ser algo mais significativo, que reflita o que a pessoa é como um todo, incluindo os princípios pelos quais vive e seu objectivo na vida. Uma pessoa pode ser inteligente e poderosa, mas ser um fracasso em sentido moral, carecer de amor e de verdadeiros amigos.

Desde a minha entrada na escola primária que tenho tido entusiasmo em aprender e aprofundar meus conhecimentos sobre história, ciência e matemática. Apesar de ter parado os meus estudos na escola, a minha preocupação em ler bem, em falar bem e o meu interesse por livros técnicos, contribuíram muito para que tenha sido relativamente fácil adaptar-me à minha profissão. Por outro lado, vim a compreender, por formação e por experiência, que qualidades tais como honestidade, pontualidade, diligência, empatia, veracidade e  razoabilidade são qualidades muito apreciadas pelos empregadores, e que em tempo de crise, quando é necessário escolher os empregados, em geral são os que demonstram estas qualidades que são selecionados.

Por outro lado, a contínua formação ao nível profissional é muito valiosa, especialmente nestes tempos modernos, em que se exige cada vez mais formação, versatilidade e adaptação às novas tecnologias. Mesmo não mudando de ramo de trabalho isto é necessário. Ilustrando: um lenhador que usa o machado para cortar a sua lenha, precisa de vez em quando afiar a sua ferramenta, pois de contrário, com o machado embutado, o  seu esforço será maior e com menos produtividade.

Também é necessário saber trabalhar em equipa. Numa empresa, é necessário esta mentalidade, pois comparando-a com um motor de um automóvel, nenhuma peça é mais importante do que outra. Se uma das engrenagens não funciona bem, todo o motor se ressente. Por exemplo, consideremos o que acontece numa empresa em que existem os departamento da produção, da qualidade e o de manutenção. O departamento de produção requer quantidade, o de qualidade requer que os produtos sejam de qualidade e o de manutenção exige que as máquinas estejam em perfeitas condições de funcionamento. Mas é necessário uma perfeita coordenação entre os diversos responsavéis de forma que não haja atritos e contendas. Não pode haver produção por muito tempo sem que as máquinas parem para a devida manutenção. E sem manutenção não pode haver qualidade. Por outro lado, a manutenção não pode levar tanto tempo que desconsidere a produção, pois sem produção a empresa não sobrevive.

Muitas vezes é necessário ceder, não sermos egotistas, e lembrarmo-nos de que muitas vezes as melhores ideias podem surgir de pessoas até menos qualificadas, mas talvez com uma maior experiência no assunto. A troca de ideias e opiniões sempre será útil para que haja um bom relacionamento entre todos.



Porque somos o que somos

No dia 21 de Setembro de 1989 houve um julgamento num tribunal de Tennessee, Estados Unidos da América. O assunto em julgamento era a disputa da custódia de 7 embriões congelados por parte de um casal de divorciados. O tribunal teve de decidir qual deles tinha o direito à custódia. Havia primeiro, no entanto, uma questão que exigia uma decisão. Os embriões devem ser considerados como propriedade ou como seres humanos?

A decisão

O professor Jerome Lejeune, de Paris, geneticista de fama internacional, testemunhou perante o tribunal que cada humano tem um início singular, que ocorre no momento da concepção, e que “assim que é concebido, um homem é um homem”. Em outras palavras, começando no estágio de três células (zigoto), os embriões são, como ele disse no tribunal, “pequeninos seres humanos.

Quando se lhe perguntou se testemunhava que o zigoto deveria ser tratado com os mesmos direitos de um adulto, o Dr. Lejeune respondeu: “Não vou afirmar-lhe tal coisa porque não estou em condições de saber isso. Afirmo que ele é um ser humano e, portanto, é a Justiça que dirá se este ser humano tem ou não os mesmos direitos que os outros… na qualidade de geneticista, se me perguntam se este ser humano é um humano, eu lhe direi que por ser ele um ser e, sendo humano, ele é um ser humano.”

Baseando-se primariamente no depoimento irrefutável do Dr. Lejeune, três destacadas conclusões dos tribunais são: 1-A partir da fertilização, as células de um embrião humano são diferenciadas, singulares e individualizadas no mais elevado grau de distinção.2-Os embriões humanos não são propriedade. 3-A vida humana começa por ocasião da concepção.” (o grifo é meu).

Todos somos iguais mas diferentes

Neste aspecto, na verdade, todos os seres humanos são iguais, não importa a nacionalidade, a cor, ou a condição social dos seus progenitores. Como diz a Carta Universal dos direitos Humanos: “todos os homens e mulheres nascem iguais”. Mas todos somos diferentes porque as nossas células são únicas e têm registado o chamado código genético, o seu ADN. E o momento em que se dá origem a um novo ser humano é o momento da concepção. Os chineses reconhecem isto por calcularem a idade desde aquele momento. Um bebé é considerado como já tendo um ano ao nascer. Uma vez que o óvulo é fecundado, a concepção já ocorreu, e se preparou um “esquema” para uma criatura humana viva. Nesse momento são fixados o sexo, as características fundamentais, físicas e emocionais, os dons e talentos especiais, bem como as deficiências, junto com uma infinidade de outros pormenores. O ambiente, tanto durante a gravidez como depois do nascimento, exerce uma influência modificadora ou intensificadora, mas o padrão básico da pessoa já está estabelecido. O esquema encontra-se nos 46 cromossomas, com seus muitos milhares de genes que transmitem a matéria hereditária de ambos os pais — 23 cromossomas de cada progenitor.

Factores externos

Mas por ocasião do seu nascimento, o bebé pode ser comparado a uma semente lançada num determinado ambiente. Os lavradores sabem isto. Existem vários tipos de solos, uns mais propícios do que outros para o bom desenvolvimento da semente. Há também que ter em conta o ambiente mais ou menos húmido para que a planta se possa desenvolver. Assim o nosso desenvolvimento, a pessoa que somos, dependeu muito se fomos criados num ambiente religioso ou não. Se crescemos em determinado país ou lugar com sua cultura e suas tradições próprias. Se vivemos numa zona rural ou numa cidade cercados por pessoas com outra mentalidade. Se os nossos pais eram ou são preocupados com a boa educação e em inculcar bons princípios de moral nos seus filhos, dando o exemplo.

Depois há a questão das pessoas com quem nos associamos no nosso dia-a-dia, na escola, na recreação, nos momentos de lazer. Diz-se: “diz-me com quem andas e eu te direi quem és” ou “anda com um ladrão e serás pior do que ele”. Se colocarmos uma barra de ouro e uma de prata juntas por algum tempo observará-se-á que partículas de ouro passaram para a barra de prata e vice-versa. De forma que se tivermos por hábito nos associar com um delinquente teremos boas probabilidades de nos tornarmos delinquentes. A pressão dos colegas tem levado alguns jovens à embriaguez ou ao vício das drogas. Se nos associarmos com aqueles que usam de linguagem suja, verificaremos, no fim, que também usamos tal linguagem. Associar-nos com pessoas desonestas tende a fazer-nos desonestos. Por outro lado, se nos associamos com pessoas com bons princípios de ética, seremos bem melhores cidadãos.

Boas decisões são importantes

Há um provérbio que diz: “Onde não reses, a manjedoura está limpa, mas a colheita é abundante por causa do poder do touro.”

Uma manjedoura vazia pode indicar que não há gado para ser alimentado e, por isso se está livre do trabalho de limpá-la e de cuidar dos animais e, consequentemente, há menos despesas. O lavrador decidiu fazer o trabalho à mão. Mas essa aparente vantagem precisa ser contrabalançada com o facto de que também a colheita será menor. O lavrador tem de fazer uma escolha sábia. Ou faz um investimento para ter maior colheita ou sujeita-se a colher menos, mas de certo com maior esforço. Este princípio se aplicaria também quando pensamos em mudar de emprego, em comprar certo tipo de casa ou carro, quando escolhemos uma pessoa para casar e coisas assim? A pessoa sábia consideraria as vantagens e as desvantagens e calcularia se o esforço e a despesa valem ou não a pena.

Muitas das decisões que tomamos resultam em bem, mas outras podem ser como as balas que saem de uma pistola que depois de saírem não podem voltar atrás. Algumas decisões que tomamos ainda podem ser remediadas ou corrigidas, mas outras são irreversíveis, impossíveis de reparar.

Eu considero que aquilo que sou hoje é o resultado de todos estes factores: a herança genética, a educação e o exemplo de meus pais, o lugar onde cresci e vivi, as minhas companhias e as minhas decisões pessoais. Muitas vezes tive êxito. Outras nem por isso. Mas no cômputo geral, considero que tenho sido bem sucedido e preparado para esta vida moderna atribulada em constante mudança. Considero muito importante a família e a escola como os centros da boa formação do ser humano.


A Ordem Mundial e a Ética

Vivemos num sistema global em que os valores tradicionais têm sido postos em causa. E isto não é apenas uma crise local, mas sim uma crise global, atingindo todos os sectores da sociedade. Assim questiona-se a autoridade do governo, da escola, da família, da igreja e de modo geral das instituições. E isso se deve quanto a mim a que mesmo os próprios filósofos não têm uma ideia exacta do assunto. É feita, muitas vezes a seguinte afirmação: “Não existem critérios seguros para distinguir o certo do errado, o bem do mal. Tudo é relativo e subjectivo e depende das circunstâncias e dos interesses”. Por isso é necessário perguntar: Quem tem o direito de definir o que é certo e o que é errado? Será a opinião popular um guia confiável? Ou deveremos deixar-nos guiar pelo nosso próprio critério? Ou será necessário que haja legisladores e autoridades?
Como somos influenciados
Desde crianças somos confrontados com esta questão. Nossos pais influenciados pela tradição, religião, ou convicções pessoais impuseram-nos um conjunto de normas que até certa altura achávamos serem as mais correctas. A família é onde, em princípio, qualquer ser humano adquire os seus primeiros valores. Ora as estruturas familiares estão em crise, o que se reflecte, por exemplo, no aumento da dissolução de casamentos, no aparecimento de novos tipos de uniões (casamento de homossexuais, etc.), etc. Por tudo isto, muitos pais manifestam cada vez mais dificuldade em elegerem um conjunto de valores que considerem fundamentais na educação dos seus filhos. E o que vemos hoje é os próprios jovens questionarem se há mesmo o certo e o errado. Não que os jovens sejam ignorantes, indignos de confiança, cruéis ou traiçoeiros, mas eles estão simplesmente desorientados.
Por outro lado temos as leis do nosso país que nos obrigam, sob pena de sofrermos as penalidades, a obedecer-lhes. Estas leis feitas por legisladores definem o bom e o mau, o certo e o errado. Mas a globalização trouxe consigo uma maior aproximação entre os povos em termos de informação, facto que aparentemente possibilitaria o desenvolvimento de uma consciência global. Mas com tamanha diversidade de tradições, culturas, religiões e condições de vida, torna-se cada vez mais difícil definir um conjunto de valores compatíveis para todos. O que é certo para uns não o é para outros. As profundas alterações económicas, científicas e tecnológicas que a nossa sociedade moderna tem conhecido, têm não apenas estimulado o abandono dos valores tradicionais, mas parecem ter conduzido a humanidade para um vazio de valores. O desenvolvimento económico dos países tem sido feito à custa da poluição do ar, contaminação das águas, destruição das florestas, acumulação de lixos, etc. As previsões sobre as consequências futuras destas acções são aterradoras. O planeta terra está numa rápida agonia.
Outro factor a ter em conta é a chamada cultura de massa. Os novos valores são agora impostos por produtores de televisão, magnatas do cinema, modelos, cantores de rap e muitas outras pessoas do círculo da comunicação social. Esses manipuladores de opinião exercem um poder muito grande sobre a nossa cultura especialmente sobre as crianças, e muitas vezes têm pouco ou nenhum senso de responsabilidade em relação aos valores nocivos que propagam.
É por estas razões que se aponta para a necessidade de se estabelecer novos consensos em torno de valores que nos sirvam de guia para o nosso relacionamento inter-pessoal e colectivo. Em causa está o nosso futuro comum. Mas como estabelecer estes valores? E será mesmo necessário estabelecer novos valores?
Será a opinião popular é um guia confiável?
Se vivêssemos numa sociedade onde a maioria acreditasse que o sacrifício de crianças é aceitável, tornaria essa prática aceitável? Ou se o canibalismo for encarado em certa região como uma virtude tornaria isso uma coisa correcta? Na Grécia antiga, o infanticídio nomeadamente dos recém nascidos deficientes era permitido. O mesmo se passa actualmente em alguns países asiáticos. Em certos países é permitido o aborto ou a eutanásia, enquanto noutros não. A popularidade duma prática torná-la-ia certa? Claro que não.
Pode confiar no seu próprio critério?
Então, será que cada um deveria decidir por si mesmo o que é certo e o que é errado? Basta olharmos para a Natureza para concluirmos que ela está repleta de desigualdade e de diversidade. A Natureza tem horror à igualdade. Por outro lado, é fácil verificar que há pessoas que desperdiçam as suas vidas e outras que cumprem as suas funções de forma excelente. Por isso seria muito difícil viver em comunidade se cada um de nós tivesse a prerrogativa de decidir o que é bom e que é mau e viver independente como se fosse o único habitante da terra.
É fundamental que os legisladores legislem e que as autoridades estabelecidas cumpram e façam cumprir as leis que devem ser justas, solidárias e baseadas no princípio da igualdade. Mas serão mesmo necessários novos valores?
Os princípios estabelecidos não estão obsoletos
Na verdade, a base de ordenamento jurídico, moral e ético da legislação da maioria dos países do mundo se fundamenta nos princípios inculcados na lei Judaica os “ Dez Mandamentos” e continuados na lei cristã. (não é por acaso que a democracia moderna é considerada por muitos, neta da ética cristã e filha da Revolução Científica do século XVII). Entre os Dez Mandamentos estão: Honrar ou respeitar os progenitores. Não assassinar outros seres humanos. Não cometer adultério. Não roubar. Não dar falso testemunho. Não mentir. Não cobiçar o que é dos outros.
Mas não é apenas na Biblia encontramos estes mandamentos. Quando se perguntou a Buda que preceitos deveriam ser observados como normas de conduta. Ele deu também dez mandamentos muito similares aos da lei “ mosaica”: I. Não matar. II. Não roubar. III. Não falar mal dos outros. IV. Não mentir. V. Não ingerir alimentos antes das horas pré-fixadas e se abster de bebidas alcólicas. VI. Não assistir a festas e espetáculos. VII. Abster-se de perfumes, unguentos, adornos e grinaldas. VIII. Não cobiçar nada de ninguém. IX. Evitar o conforto de leitos macios. X. Abster-se de receber esmolas em dinheiro.
Estarão estes valores fora de moda? Serão obsoletos? Decididamente não, do meu ponto de vista. Porque podemos dizer que obedecer a estes preceitos é bom, é correcto, é o proceder certo, e, infringi-los é mau, é incorrecto e errado?
Façamos uma anologia entre este assunto e a questão dos direitos humanos. Os direitos humanos se baseiam em princípios fundamentais inerentes às necessidades essenciais do ser humano, que são iguais para todos os seres humanos, tais como: A igualdade, a liberdade e a fraternidade. As leis podem variar conforme o país ou a cultura, mas este princípios devem permear as leis a vigorar de forma a garantir os direitos fundamentais do ser humano porque todos têm direito a isso.
Da mesma forma os princípios, por exemplo, transmitidos na letra da lei “mosaica” ou dos mandamentos dados por Buda, resumem-se a uma ideia transmitida pelo mestre do cristianismo, Jesus Cristo ,e descrito no livro de Mateus capítulo 5 e versículo 12: “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles; isto, de fato, é o que a Lei e os Profetas querem dizer”.
Aqui está o cerne da questão. O princípio da vida clama por valores como a cooperação, a integração e formação de parcerias. É necessário que as regras sejam permeadas por justiça, solidariedade e igualdade. Os seres humanos partilham necessidades, apetites e sensações. Porque roubar, mentir, ou assassinar é errado? Porque isso não é coisa que gostaríamos que nos fizessem. Porque fazermos estas coisas prejudicaria os nossos semelhantes. Porque roubaria a paz da comunidade em que se vive. Assim, ética deve ser um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética deve servir para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado.
Se eu tivesse poder, mudaria alguma coisa?
Não há dúvida que vivemos num mundo em constante transformação. Em vez de governos autoritários, que tem o poder absoluto temos cada vez mais governos “democráticos” em que o povo expressa os seus anseios, esperanças e necessidades, têm efeitos nas mudanças estruturais e participam na construção do seu futuro. Mas precisamos continuar a conjugar qualidades morais, espirituais e éticas, em que o acto de servir deve ser maior aspiração.
O sentimento de superioridade racial, com sua longa história de sofrimentos, guerras e conflitos étnico-raciais precisa ceder espaço à proposta de unidade racial, onde todos são considerados irmãos, frutos de uma mesma árvore, chamada humanidade. O planeta é um bem que interessa a todos, independente de sua origem nacional. A humanidade precisa continuar a avançar, para o conceito integral de que “a terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos.”
O sistema de educação, que agora privilegia a aquisição de conhecimentos técnico-científicos, deve procurar também fazer renascer qualidades morais e espirituais como honestidade, veracidade e a solidariedade.
Na questão da justiça social deveria deixar de haver necessidade de os trabalhadores empunharem faixas e cartazes reinvindicando aumento salarial, creches para seus filhos, ajudas para saúde, alimentação e transporte, dentre outros benefícios sociais.
Regras que considero importantes introduzir
Eu não sou jurista, nem possuo informações suficientes para criar um novo código de valores. Conforme referi, parece-me que os princípios em que assentam as actuais leis da maioria dos países democráticos estão correctos. O problema é que se criou a ideia de que não há o certo nem o errado, perdeu-se a noção dos verdadeiros valores que torna o homem grande. Muitas vezes um “gatuno” bem sucedido é considerado um homem de sucesso.
Mas penso que é na área da aplicação da justiça que precisa haver mudanças:
1- Os juízes e advogados deveriam ser todos pagos pelo estado. Poderiam ser avaliados pela sua isenção e imparcialidade. Desta forma não haveria o escândalo de vermos que quem tem dinheiro sempre se safa melhor do quem o não tem para se defender.
2- Os condenados de crimes menores deveriam pagar sempre com trabalho os seus crimes. Deveriam trabalhar para a vítima até pagar integralmente os danos, em vez de serem uma carga para o estado.
3- Os condenados de crimes mais graves deveriam ir para a prisão, mas nas prisões deveria haver indústrias para que produzissem para pagar os prejuízos.
4- Os lesados deveriam sempre ser ressarcidos dos seus prejuízos, directamente pelo criminoso ou pelo estado.
Conclusão
O ideal seria que a ética de valores morais estivesse gravada, não num código de leis com as suas penalidades, mas no coração de todos e de cada um. Mas temos de partir do princípio que não existe sociedade perfeita. Sempre houve e sempre haverá os prevaricadores. Por essa razão há necessidade de haver um manual de regras que nos orientem, que imponha limites de comportamento para que o bem comum seja preservado, um código formal de leis com sanção, um conjunto de normas de conduta cuja finalidade é padronizar o exercício do juízo moral em situações definidas da nossa convivência, tornando-o desse modo o mais isento e independente possível.
Pensamento/Reflexão

A Liberdade e a Justiça
“A revolução do século XX separou arbitrariamente, para fins desmesurados
de conquista, duas noções inseparáveis. A liberdade absoluta mete a justiça
a ridículo. A justiça absoluta nega a liberdade. Para serem fecundas, as duas
noções devem descobrir os seus limites uma dentro da outra. Nenhum
homem considera livre a sua condição se ela não for ao mesmo tempo justa,
nem justa se não for livre. Precisamente, não pode conceber-se a liberdade
sem o poder de clarificar o justo e o injusto, de reivindicar todo o ser em nome
de uma parcela de ser que se recusa a extinguir-se. Finalmente, tem de haver
uma justiça, embora bem diferente, para se restaurar a liberdade, único valor
imperecível da história. Os homens só morrem bem quando o fizeram pela
liberdade: pois, nessa altura, não acreditavam que morressem por completo”.
Albert Camus, in "O Mito de Sísifo"
Esta pergunta foi vencedora num congresso sobre vida sustentável.
Todo mundo pensa em deixar um planeta melhor para nossos filhos....
Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”

Direitos e Deveres

“O RECONHECIMENTO da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.” Assim diz o preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto muitos têm sugerido que, em adição a essa declaração, devia ser adoptada pelas Nações Unidas uma declaração universal de responsabilidades humanas. Em Março de 97 as Nações Unidas para a Educação, Ciência, Cultura (UNESCO), com sede em Paris, realizou a primeira reunião de uma comissão de filósofos que representam uma ampla gama de religiosos, tradições étnicas, éticas e filosóficas para produzir uma declaração fornecendo uma base filosófica para uma ética global. Actualmente só existe um ante-projecto experimental que circula entre os membros da Comissão. Por que muitos acham necessário tal projecto?
Direitos versus Responsabilidades
Direitos e responsabilidades são gémeos siameses. Infelizmente, 62 anos depois de ter sido aceite a Declaração Universal dos Direitos Humanos tal facto foi esquecido ou se tornou inconveniente. Muitos exigem seus direitos sem sentir a necessidade de cumprir responsabilidades relacionadas. Embora seja relativamente fácil determinar que direitos humanos devem ser protegidos, nem sempre é fácil definir que responsabilidades humanas devem ser universalmente aceites.
Contudo, alguns dos valores na proposta Declaração de Responsabilidades inspiram-se na perene e universal Regra de Ouro, fornecida por Jesus uns dois mil anos atrás: “Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles.” — Mateus 7:12.
Note-se que estas palavras não foram ditas pela negativa”Não faças o que não queres que te façam a ti” mas sim “Faz o que queres que te façam a ti”. De modo que o reconhecimento das nossas responsabilidades exige que tomemos a iniciativa.
A responsabilidade pela vida em si
A terra é nossa única e insubstituível pátria. A humanidade, em toda sua diversidade, pertence ao mundo vivo e participa de sua evolução. Nossos destinos são inseparáveis. A amplitude das crises sociais e ambientais de nosso tempo salienta aquilo que está em questão hoje: o dom da vida em si. A vida não é criada pelos seres humanos. Seres humanos fazem parte da vida. A humanidade e sua diversidade têm a responsabilidade conjunta de preservar o direito à vida em si.
É por isso que uma Carta baseada nesta tomada de consciência é «universal» no sentido estrito do termo, na medida em que diz respeito a tudo que existe. Desta responsabilidade fundamental decorre a necessidade de criar e preservar um lugar para os outros povos e as outras formas de vida. Esse lugar e essa responsabilidade são compartilhados de formas variadas de um contexto para o outro porém, em todos os lugares, a preservação do lugar do outro e das outras formas de vida constituem uma parte integrante da vida em si. É esta visão que inspirou a proposta da “Carta das Responsabilidades Humanas” em 1998.
Devemos mencionar também que, enquanto os direitos humanos são iguais para todos, as responsabilidades são proporcionais às nossas possibilidades. Factores como, liberdade, riqueza, o acesso á informação, o conhecimento e o poder serão decisivos naquilo que somos capazes de fazer.
Conclusão
Todos sabemos que existem direitos e deveres como cidadãos, como trabalhadores, como homens e mulheres, como crianças, como famílias, como cônjuges, na protecção social, na saúde e na educação. E não se pode dissociar direitos dos deveres ou responsabilidades. Ao passo que se verifica a nível mundial que muitas vezes os direitos humanos são violados, mesmo pelas nações ditas democráticas, quando isso se torna conveniente, há cada vez mais a necessidade de consciencializar as pessoas e as nações para as responsabilidades comuns de preservar a vida neste lar universal que é o nosso planeta terra. Não é impossível conseguir tal meta, desde que a persistência seja o alvo comum para quem quer fazer justiça. É preciso que se continue batendo na tecla da consciencialização dos direitos humanos, mesmo que se tenha que se deparar com ferros quentes em suas mãos e, só assim, conseguir-se-á modificar o mundo das injustiças ao passo que cada um de nós assume as suas responsabilidades.