“O
RECONHECIMENTO da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de
seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e
da paz no mundo.” Assim diz o preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. No entanto muitos têm sugerido que, em adição a essa declaração, devia
ser adoptada pelas Nações Unidas uma declaração universal de responsabilidades
humanas. Em Março de 97 as Nações Unidas para a Educação, Ciência, Cultura
(UNESCO), com sede em Paris, realizou a primeira reunião de uma comissão de
filósofos que representam uma ampla gama de religiosos, tradições étnicas,
éticas e filosóficas para produzir uma declaração fornecendo uma base
filosófica para uma ética global. Actualmente só existe um ante-projecto experimental
que circula entre os membros da Comissão. Por que muitos acham necessário tal
projecto?
Direitos versus
Responsabilidades
Direitos
e responsabilidades são gémeos siameses. Infelizmente, 62 anos depois de ter
sido aceite a Declaração Universal dos Direitos Humanos tal facto foi esquecido
ou se tornou inconveniente. Muitos exigem seus direitos sem sentir a
necessidade de cumprir responsabilidades relacionadas. Embora seja
relativamente fácil determinar que direitos humanos devem ser protegidos, nem sempre
é fácil definir que responsabilidades humanas devem ser universalmente aceites.
Contudo,
alguns dos valores na proposta Declaração de Responsabilidades inspiram-se na
perene e universal Regra de Ouro, fornecida por Jesus uns dois mil anos atrás:
“Todas as coisas, portanto, que quereis que os homens vos façam, vós também
tendes de fazer do mesmo modo a eles.” — Mateus 7:12.
Note-se
que estas palavras não foram ditas pela negativa”Não faças o que não queres que
te façam a ti” mas sim “Faz o que queres que te façam a ti”. De modo que o
reconhecimento das nossas responsabilidades exige que tomemos a iniciativa.
A responsabilidade pela vida em
si
A
terra é nossa única e insubstituível pátria. A humanidade, em toda sua
diversidade, pertence ao mundo vivo e participa de sua evolução. Nossos
destinos são inseparáveis. A amplitude das crises sociais e ambientais de nosso
tempo salienta aquilo que está em questão hoje: o dom da vida em si. A vida não
é criada pelos seres humanos. Seres humanos fazem parte da vida. A humanidade e
sua diversidade têm a responsabilidade conjunta de preservar o direito à vida
em si.
É
por isso que uma Carta baseada nesta tomada de consciência é «universal» no
sentido estrito do termo, na medida em que diz respeito a tudo que existe.
Desta responsabilidade fundamental decorre a necessidade de criar e preservar
um lugar para os outros povos e as outras formas de vida. Esse lugar e essa
responsabilidade são compartilhados de formas variadas de um contexto para o
outro porém, em todos os lugares, a preservação do lugar do outro e das outras
formas de vida constituem uma parte integrante da vida em si. É esta visão que
inspirou a proposta
da “Carta das Responsabilidades Humanas” em 1998.
Devemos
mencionar também que, enquanto os direitos humanos são iguais para todos, as
responsabilidades são proporcionais às nossas possibilidades. Factores como,
liberdade, riqueza, o acesso á informação, o conhecimento e o poder serão
decisivos naquilo que somos capazes de fazer.
Conclusão
Todos
sabemos que existem direitos e deveres como cidadãos, como trabalhadores, como
homens e mulheres, como crianças, como famílias, como cônjuges, na protecção
social, na saúde e na educação. E não se pode dissociar direitos dos deveres ou
responsabilidades. Ao passo que se verifica a nível mundial que muitas vezes os
direitos humanos são violados, mesmo pelas nações ditas democráticas, quando
isso se torna conveniente, há cada vez mais a necessidade de consciencializar
as pessoas e as nações para as responsabilidades comuns de preservar a vida
neste lar universal que é o nosso planeta terra. Não é impossível conseguir tal
meta, desde que a persistência seja o alvo comum para quem quer fazer justiça.
É preciso que se continue batendo na tecla da consciencialização dos direitos
humanos, mesmo que se tenha que se deparar com ferros quentes em suas mãos e,
só assim, conseguir-se-á modificar o mundo das injustiças ao passo que cada um
de nós assume as suas responsabilidades.
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