Evidência científica
O panfleto Race and Biology, de L. C. Dunn, professor de zoologia
na Universidade de Columbia, diz: “Todos os homens pertencem claramente a uma
única espécie, sendo semelhantes em todos os aspectos físicos fundamentais.
Membros de todos os grupos podem casar entre si e realmente casam.” Daí, passa
a explicar: “Todavia, todo homem é ímpar e difere de pequenas maneiras de todos
os outros homens. Isto é em parte devido aos diferentes ambientes nos quais as
pessoas vivem e, em parte, às diferenças nos genes que herdaram.”
Mas a evidência científica
é conclusiva. Biologicamente falando, não existe raça superior ou inferior, uma
raça pura ou uma raça contaminada. Características tais como a cor da pele, do
cabelo ou dos olhos, coisas que alguns talvez considerem racialmente
importantes não são indicativos de inteligência ou de habilidade da pessoa. Em
vez disso, são os resultados de herança genética. Por exemplo, a cor da pele. A
maioria das pessoas crê que a humanidade pode ser facilmente dividida em cinco
raças segundo a cor da pele: branca, negra, parda, amarela e vermelha. Por raça
branca em geral se entende pele branca, cabelos mais ou menos claros. Segundo
esta definição os portugueses são de raça branca. Mas, na realidade, se
olharmos para os portugueses podemos ver que há uma grande variedade na cor do
cabelo, na cor dos olhos e na cor da pele entre os membros da chamada raça
branca. Se todos os humanos realmente formam uma única família, por que, então,
existem terríveis problemas de preconceito e discriminação raciais?
As raízes do preconceito e da discriminação
“Todos os seres humanos
nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.” - Artigo 1.° da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Apesar desse nobre ideal,
o preconceito e a discriminação ainda afligem a humanidade. Essa triste
realidade é um reflexo dos nossos tempos. Ele se origina de valores familiares
aparentemente inocentes, mas mal direccionados, ou de conceitos distorcidos que
algumas pessoas deliberadamente espalham sobre outras raças e culturas. O
preconceito pode ser fomentado pelo nacionalismo e por falsos ensinamentos
religiosos. E pode ser resultado de orgulho exagerado.
Os chamados grupos
minoritários, sentem na pele quando as pessoas as evitam, olham-no de modo
condenatório ou fazem comentários depreciativos sobre sua cultura. As
oportunidades de emprego são raras, a menos que aceite um emprego servil que
ninguém mais queira. Talvez seja difícil encontrar moradia adequada. Ou pode
ser que seus filhos se sintam isolados e rejeitados pelos colegas de classe.
Não é segredo que os
estrangeiros não raro executam trabalhos servis que os cidadãos locais
desprezam. Assim, muitos recém-chegados têm de trabalhar sob duras condições em
troca de baixos salários, ainda mais se forem imigrantes em situação ilegal.
Ademais, os estrangeiros não raro sofrem muita discriminação no local de
trabalho, por causa de sua condição de estrangeiro. Independentemente de quem
sejam ou de onde tentem se estabelecer, a maioria dos imigrantes enfrenta o
doloroso processo de sarar as feridas de suas raízes cortadas e formar novos
laços para o futuro.
O preconceito pode instigar as pessoas à violência ou até mesmo ao assassinato. É verdade. As páginas da história estão repletas de exemplos angustiantes de violência, gerados pelo preconceito, entre os quais estão massacres, genocídios e as chamadas limpezas étnicas. As pessoas pensam em primeiro lugar como portugueses, espanhóis americanos, russos, chineses, ou egípcios, e em segundo lugar como seres humanos
Na religião, sem nenhuma
excepção, encontramos talvez o maior fracasso da humanidade. Se a árvore é
julgada pelos frutos, então a religião é responsável pelos frutos como o ódio,
a intolerância e a guerra em seu próprio meio.
Parece que no caso da
maioria das pessoas a religião é como a beleza: apenas superficial. É o verniz
que logo descasca sob a pressão do racismo, do nacionalismo e da insegurança
económica. Em vez de servir de influência positiva para civilizar a humanidade,
a religião tem tido sua própria actuação fanática em atiçar as chamas do
patriotismo cego e em abençoar os exércitos nas guerras e conflitos da
humanidade. Ela não tem sido uma força progressiva no que diz respeito a
mudanças.
O que podemos fazer?
Diz o livro, La Autoestima, de Luiz Rojas Marcos:”No entanto, a realidade é que os seres humanos gozam de uma
surpreendente aptidão para se observarem, analisarem e julgarem. Todos nós, em
algum momento, avaliamos o nosso físico através da nossa lente crítica
particular. Também podemos avaliar o nosso temperamento, as nossas atitudes e
condutas, de acordo com os nossos ideais ou as normas que a cultura em que
vivemos estabelece”…”A luz da consciência torna possível a introspecção, essa
aptidão especial que temos para nos debruçarmos sobre o nosso interior e
examinarmo-nos”.
Uma coisa é certa: talvez não consigamos eliminar a discriminação ao nosso redor, mas podemos acabar com os preconceitos que nós mesmos talvez tenhamos. Um bom começo é admitir que nenhum de nós está imune a ter preconceitos. O livro Understanding Prejudice and Discrimination (Entendendo o Preconceito e a Discriminação) diz: “Ao pesquisar o preconceito, estas talvez sejam as conclusões mais importantes: (1) todos os dotados de raciocínio e fala podem nutrir preconceitos, (2) geralmente é preciso um esforço consciente para diminuir o preconceito e (3) é possível fazer isso, desde que haja motivação.”
Devemos escolher bem as
amizades, pois exercem forte influência em nós. Por isso, pais sábios se
preocupam muito com as amizades dos filhos. Pesquisas mostram que as crianças
podem desenvolver preconceito racial já aos 3 anos de idade por copiarem
atitudes, palavras e gestos de outros. É claro que os próprios pais devem fazer
tudo a seu alcance para dar um bom exemplo aos filhos, pois normalmente é isso
que tem mais influência em moldar os valores da criança.
Penso que a educação é a
arma mais poderosa contra o preconceito. Por exemplo, a educação certa pode
expor as causas dele, fazer com que examinemos nossas próprias atitudes com
mais objectividade e nos ajudar a reagir com sabedoria quando nós somos as
vítimas. Esta educação deve continuar a ser dada nas escolas e no seio
familiar.
Algumas formas de preconceito
Etnocentrismo:
O etnocentrismo é a atitude pela qual um indivíduo ou um
grupo social, que se considera o sistema de referência, julga outros indivíduos
ou grupos à luz dos seus próprios valores.
Preconceito
linguístico: forma de preconceito a determinadas variedades
linguísticas.
Homofobia:
Discriminação contra a homossexualidade.
Transfobia:
Discriminação contra as pessoas transexuais, travestis e
transgéneros.
Heteroxismo:
Atitudes culturais que privilegiam os heterossexuais.
Xenofobia:
Medo irracional, aversão ou a profunda antipatia em relação
aos estrangeiros
Chauvinismo: Termo
dado a todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa, ou agressiva em favor de
um país, grupo ou ideia.
Preconceito
social: Preconceito a determinadas classes sociais que provém da
divisão da sociedade em classes.
Racismo: Dar
importância á noção de existência de raças humanas distintas e superiores umas
às outras.
Edaísmo:
Preconceito sobre a idade.
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